Orquestra da Maré se apresenta em caminhão pelas ruas do Rio
Uma orquestra formada por jovens da favela da Maré, no Rio de Janeiro, teve uma ideia para se apresentar durante a pandemia. Se o público não pode ir até a orquestra, a orquestra vai ao encontro do público.
Alguma coisa acontece nas ruas do Rio de Janeiro. Por que tanta gente olha admirada? O motivo está no caminhão de 14 metros de comprimento e 30 toneladas que recebeu a missão de transportar esperança.
"Caravana da esperança, da Orquestra Maré do Amanhã, e a ideia é essa: é termos esperança”, diz Carlos Eduardo Prazeres, diretor executivo da Orquestra Maré do Amanhã.
Uma orquestra formada apenas por jovens que vivem no Complexo da Maré e que estão há mais de um ano sem se apresentar.
“Antes da pandemia, a gente tinha um ritmo muito intenso e, para mim, foi um baque”, diz Isabela Mendonça da Cruz, integrante da orquestra.
Carlos Eduardo teve uma ideia bem ousada. “Eu falei: gente, vamos arrumar um jeito de tocar sem que as pessoas aglomerem.”
Em uma das entradas do Complexo da Maré, pela primeira vez, o pessoal toca com o trio em movimento. Foram dois meses de preparação, mas até então ninguém tinha tocado com o caminhão andando.
Ao som de Mozart, a orquestra avança pela Maré, chamando atenção da vizinhança. Um olho na batuta do maestro, outro nos fios, que passam tirando fino da caravana.
“Curta da sua janela. Saúdem os meninos da Maré, que o que a gente está fazendo é levar para vocês música, carinho. Fiquem com a Orquestra Maré do Amanhã”, diz Carlos.
Os meninos da Maré chegam a Copacabana em grande estilo e provocam reações instantâneas. Todo mundo quer gravar um vídeo, fazer uma foto. Quem está trabalhando, para para aproveitar. Quem está passeando, para para ouvir.
A audiência das janelas é variada. No alto dos prédios, alguns aparecem solitários, outros em duplas, em trios. Neste momento tão difícil, o que poderia unir janelas tão diferentes se não a música?
Por conta das restrições, participaram apenas 12 músicos. Mas a Maré do Amanhã é gigante: são 300 jovens nas três orquestras principais e mais 3,7 mil atendidos pelo projeto em 22 pontos das 17 favelas do complexo, onde vivem milhares de jovens talentosos, dedicados e sensíveis.
A caravana vai sair mais algumas vezes este ano, sempre em datas importantes. Se você ouvir música entrando pela janela, pode abrir: é som da esperança passando.
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